Se disséssemos isso
provavelmente diriam que se trata de implicância ou despeito. Mas quem resolveu
jogar franco e dizer toda a verdade sobre o Carnaval baiano e desfile das escolas de samba do RJ e SP foi João Jorge Rodrigues, 57, nada menos que o presidente
do Olodum, a banda mais internacional da Bahia. O Olodum já se apresentou em 37
países, quatro Copas do Mundo, tocou com os últimos 30 grandes nomes da música
mundial. Dentre outras coisas João Jorge declarou o seguinte:
- “Há um monopólio na
divisão de recursos na folia da Bahia, que é terra de uma artista só - Ivete
Sangalo. Isso mata os artistas emergentes, mata os que estão trabalhando e, em
vez de fortalecer essa própria artista, a fulmina, porque é a galinha dos ovos
de ouro aberta para pegar ovos. A festa faz de conta que está enriquecendo uma
pessoa, mas na verdade está empobrecendo uma cidade, um Estado. O Carnaval do
país é um retrato do Brasil atual. Ele é um Carnaval discriminatório,
segregado, com mecanismos que reproduzem o capitalismo brasileiro: a grande
exclusão da maioria em beneficio de uma minoria. Antes, as pessoas vinham para participar,
para conhecer o Carnaval de Salvador. Com o tempo, passou a ser: 'Eu quero que
você venha para você ser importante para o Carnaval'. Inverteu. O Carnaval é
que era importante para essas pessoas. No Carnaval de Salvador, atração é um coreano e atrizes da Globo. Quanto ao desfile das
escolas de samba do RJ e SP, foram importantes nos anos 10 e 20 do século
passado para formar uma cultura do samba. Depois, foram engessados pelo modelo
de desfile, pelo sambódromo e continuam sendo um espetáculo maravilhoso... De
ver. Mas sem participação ampla, e isso difere do Recife, de Olinda e de
Salvador. Por isso o Rio está tendo essa explosão de blocos de rua, mostrando
que as pessoas cansaram desse modelo da fantasia, das alas, da batida, de 90
minutos de desfile. SEM FALAR DA GUERRA PUBLICITÁRIA E ENREDOS
PATROCINADOS".
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