"O FASCISMO DO PT
CONTRA OS MÉDICOS" (FOLHA SP-02/09/2103).
Por Luiz Felipe Pondé, pernambucano, filósofo, escritor e ensaísta,
doutor pela USP, pós- doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv,
professor da PUV-SP e da FAAP.
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“O PT está usando tática de difamação contra os médicos brasileiros
igual à usada pelos nazistas contra os judeus: colando neles a imagem de
interesseiros e insensíveis ao sofrimento do povo e, com isso, fazendo com que
as pessoas acreditem que a reação dos médicos brasileiros é fruto de reserva de
mercado. Os médicos brasileiros viraram os "judeus do PT". Uma
pergunta que não quer calar é por que justamente agora o governo
"descobriu" que existem áreas do Brasil que precisam de médicos?
Seria porque o governo quer aproveitar a instabilidade das manifestações p/criar um bode expiatório? Pura retórica fascista e comunista. E por que os
médicos brasileiros "não querem ir"?
A resposta é outra pergunta: por que o
governo do PT não investiu numa medicina no interior do país com sustentação
técnica e de pessoal necessária, à semelhança do investimento no poder jurídico
(mais barato)? O PT não está nem aí para quem morre de dor de barriga, só quer
ganhar eleição. E, para isso, quer "contrapor" os bons cidadãos
médicos comunistas (como a gente do PT) que não querem dinheiro (risadas?) aos
médicos brasileiros playboys. Difamação descarada de uma classe inteira. A
população já é desinformada sobre a vida dos médicos, achando que são todos uns
milionários, quando a maioria esmagadora trabalha sob forte pressão e
desvalorização salarial. A ideia de que médicos ganham muito é uma mentira. A
formação é cara, longa, competitiva, incerta, violenta, difícil, estressante, e
a oferta de emprego decente está aquém do investimento na formação. Ganha-se
menos do que a profissão exige em termos de responsabilidade prática e do
desgaste que a formação implica, para não falar do desgaste do cotidiano. Os
médicos são obrigados a ter vários empregos e a trabalhar correndo p/poder
pagar suas contas e as das s/ famílias. Trabalha-se muito, sob o olhar duro da
população. As pessoas pensam que os médicos são os culpados de a saúde ser um
lixo. Assim como os judeus foram o bode expiatório dos nazistas, os médicos
brasileiros estão sendo oferecidos como causa do sofrimento da população. Um
escândalo. É um erro achar que "um médico só faz o verão", como se
uma "andorinha só fizesse o verão". Um médico não pode curar dor de
barriga quando faltam gaze, equipamento, pessoal capacitado da área médica,
como enfermeiras, assistentes de enfermagem, assistentes sociais, ambulâncias,
estradas, leitos, remédios. Só o senso comum que nada entende do cotidiano
médico pode pensar que a presença de um médico no meio do nada "salva
vidas". Isso é coisa de cinema barato. E tem mais. Além do fato de os
médicos cubanos serem mal formados, aliás, como tudo que é cubano, com exceção
dos charutos, esses coitados vão pagar o pato pelo vazio técnico e
procedimental em que serão jogados. Sem falar no fato de que não vão ganhar
salário e estarão fora dos direitos trabalhistas. Tudo isso porque nosso
governo é comunista como o de Cuba. Negócios entre "camaradas".
Trabalho escravo a céu aberto e na cara de todo mundo. Quando um paciente morre
numa cadeira porque o médico não tem o que fazer com ele (falta tudo a sua
volta para realizar o atendimento prático), a família, a mídia e o poder
jurídico não vão cobrar do Ministério da Saúde a morte daquele infeliz. É o
médico (Dr. Fulano, Dra. Sicrana) quem paga o pato. Muitas vezes a solidão do
médico é enorme, e o governo nunca esteve nem aí para isso. Agora,
"arregaça as mangas" e resolve "salvar o povo". A difamação
vai piorar quando a culpa for jogada nos órgãos profissionais da categoria,
dizendo que os médicos brasileiros não querem ir para locais difíceis, mas
tampouco aceitam que o governo "salvador da pátria" importe seus
escravos cubanos para salvar o povo. Mais uma vez, vemos uma medida retórica
tomar o lugar de um problema de infraestrutura nunca enfrentado. Ninguém é
contra médicos estrangeiros, mas por que esses cubanos não devem passar pelas
provas de validação dos diplomas como quaisquer outros?
PORQUE VIVEMOS SOB UM GOVERNO AUTORITÁRIO E POPULISTA".
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