ENFIM A PRIMAVERA, QUE AS CHUVAS CAIAM SERENAS E O PAÍS RENASÇA C/GESTORES ÉTICOS/COMPETENTES.

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domingo, 23 de maio de 2010

Guardamos este artigo (conto) por longos anos, e entendemos ser este, um momento bastante oportuno para publicá-lo. O titulo do artigo é:
“CAVALHEIRO – RARIDADE HOJE EM DIA.”

Como é um pouco longo, publicaremos em duas partes:
1ª Parte.
(Uma pequena grande história contada por W.Somerset Maugham)
“Eu estava preparado para me antipatizar com Max Kelada, mesmo antes de conhecê-lo.
A guerra acabara pouco antes e os transatlânticos andavam abarrotados de passageiros.
Eu viajava de São Francisco/EUA para Yokohama/JAPÃO. Ninguém podia esperar camarote individual e eu me senti muito feliz por conseguir um com apenas 2 leitos.Mas quando cheguei lá, deparei-me com a bagagem do Sr. Kelada já colocada no camarote. Havia etiqueta demais nas malas.Os itens de toalete já estavam já estavam desempacotados e notei que suas escovas de ébano com monograma de outra, era o que havia de melhor no assunto.
Fui para o salão de fumar e pedi um baralho para passar o tempo.Mal começava o meu jogo de paciência, ele se aproximou. – Meu nome é Kelada, disse, sentando-se.
- Ah, sim! Estamos no mesmo camarote, creio.
- Foi sorte meu caro. A gente nunca sabe com quem vai se misturar. Olhe ponha o três sobre o quatro disse ele
. Não sei nada mais exasperante, desagradável do que alguém nos dizer onde colocar uma carta, antes de termos oportunidade de pensar na jogada.
-Está quase! Exclamou.O dez sobre o valete.
Terminei minha paciência com ódio no coração, e disse que ia ao salão de jantar reservar mesa.
- Já reservei lugar para o senhor. Achei que como estamos no mesmo
camarote seria interessante termos a mesma mesa.
Não gostei do Sr. Kelada. Eu não podia passar o dia no tombadilho sem que ele se aproximasse.Nunca lhe ocorreu que podia ser indesejável.Ele “aderia” facilmente e dentro de três dias já conhecia todos os passageiros e se metia em tudo. Dirigia jogos,bancava o leiloeiro, organizava os bailes à fantasia.Enfim, era onipresente, e sem dúvida o homem mais cordialmente detestado do navio. Nós o chamávamos de Dr.Sabe-Tudo, mesmo diante dele, que recebia o apelido como um elogio. Tudo corria às mil maravilhas, à mesa, para o Sr. Kelada, se não houvesse um certo Sr.Ramsey, tão dogmático quanto ele e que se insurgia contra a sua
petulante auto-afirmação. As discussões entre o Sr.Ramsey e o Sr. Kelada
prolongavam-se com estrema aspereza.
Ramsey trabalhava no Consulado Americano de Kobe/Japão. Voltava para reassumir o posto depois de uma breve visita a Nova York, onde fora buscar a esposa que passara um ano com a família. A senhora Ramsey era uma criaturinha deliciosa, linda, suave de
maneiras e extremamente recatada.
Certa noite, ao jantar, a conversa se encaminhou para o assunto das pérolas. Os jornais falavam das pérolas cultivadas que os japoneses estavam produzindo e alguém observou que fatalmente, elas iriam acabar desvalorizando as autenticas. O Sr. Kelada como era de hábito, esgotou o assunto a respeito das pérolas.
Não creio que o Sr.Ramsey soubesse patavina sobre o assunto, mas não resistiu à oportunidade de provocar e contestar o senhor Sabe-Tudo Kelada.
- Eu posso falar com autoridade, respondeu Kelada. Vou ao Japão exatamente para ver este negocio de pérolas. Negocio com esse ramo e o que eu não conhecer a respeito é porque não tem importância.
E vagueou seu olhar triunfante pela mesa. - Eles jamais poderão produzir uma pérola cultivada que um entendido como eu não perceba a um simples olhar.
Apontou para o colar de perolas que a Sra. Ramsey ostentava no pescoço e disparou:
- Pode ficar tranqüila, minha senhora. Suas pérolas jamais perderão um centavo de seu valor atual.
A Sra. Ramsey, com seu ar modesto, corou ligeiramente, e
escondeu as pérolas dentro do vestido.
(continua...)

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