Se perguntássemos aos amigos que conheceram, apreciaram ou apreciam a obra deste grande cantor brasileiro onde ele nasceu, o que responderiam?
São Paulo? Rio de Janeiro? Minas Gerais? Rio Grande do Sul? Se sabiam, parabéns, pois ignorávamos que ele nasceu em Santana do Livramento/RS em 21/06/1919. O incrível na história deste memorável cantor é que mesmo sendo gago, partiu para a carreira, enfrentando todas as dificuldades, tendo sido reprovado inúmeras vezes como veremos.
Realmente é uma bela história de vida.
Ainda garotinho era levado por seu pai, que se passava por cego, para praças e feiras. Enquanto o pai tocava violino, ele cantava e esmolava. Foi jornaleiro, mecânico, engraxate, polidor e tamanqueiro. Poucos devem saber que ele foi também lutador de boxe na categoria peso-médio, e aos dezesseis anos, ganhou o título de campeão paulista. Em São Paulo, foi reprovado varias vezes em programas de calouros e trabalhou como garçom no bar do seu irmão na Av.São João. Nesta epoca casou-se com Elvira Molla com a qual teve 2 filhos. Em 1939, resolveu tentar a carreira no Rio de Janeiro.E também por lá, passou por muitas reprovações em programas de calouros e uma passagem ficou famosa com o Ari Barroso, que depois de ouvi-lo perguntou o que ele fazia. Nelson respondeu que lutava boxe e Ari Barroso disparou:” Então volte a lutar boxe meu filho que prá cantor você não dá!”
Mas em 1948 conseguiu finalmente gravar um 78 rotações que foi muito bem recebido pelo público. Logo depois foi contratado como crooner do Cassino Copacabana(Hotel Palace Copacabana). Na sequência, assinou contrato com a Radio Mayrink Veiga, iniciando assim sua carreira de grande ídolo do Radio. Além de muitos shows por todo o Brasil, apresentou-se em outros países como: Uruguai, Argentina e Estados Unidos, no Radio City Music Hall. Em 1952, casou-se com Lourdinha Bittencourt, substituta de Dalva de Oliveira no Trio de Ouro. O casamento durou até 1959. Em 1965, casou-se de novo, com Maria Luiza da Silva Ramos, com quem teve dois filhos, Ricardo da Silva Ramos Gonçalves e Maria das Graças da Silva Ramos Gonçalves.
No entanto, envolveu-se com a droga (cocaína) e em 1965 foi preso em flagrante, passando um mês na Casa de Detenção, o que lhe trouxe muitos problemas pessoais e profissionais. Para muitos sua carreira estava encerrada. Mas Nelson voltou e superou a crise ao abandonar o vício. Para tanto, contou com apoio fundamental da sua mulher e lançando o disco
"A Volta do Boêmio", que foi um enorme sucesso. Continuou gravando regularmente nos anos 70, 80 e 90, reafirmado a posição entre os recordistas nacionais de vendas de discos. Além dos eternos antigos sucessos, Nélson Gonçalves sempre se manteve atento a novos compositores, e chegou a gravar canções de Ângela Rô Rô (Simples Carinho), Kid Abelha (Nada por Mim), Legião Urbana (Ainda É Cedo) e Lulu Santos (Como uma Onda).
Nelson Gonçalves ainda ganhou o prêmio Nipper da RCA, que era oferecido aos artistas que permaneciam longo tempo na gravadora, e além dele , somente Elvis Presley foi merecedor deste prêmio.
Durante sua carreira, gravou mais de duas mil canções, 183 discos em 78 rpm, 128 álbuns,ganhou 38 discos de ouro e 20 de platina.
Nelson veio a falecer em consequência de um enfarte agudo do miocárdio no apartamento de sua filha Margareth, no RJ em 1998.
Alguns dos seus grandes sucessos que são tocadas e cantados até hoje nas rádios, novelas,rodas de amigos,bares, boates e serenatas: Renúncia, Dos meus braços tu não sairás,Maria Bethânia, Normalista, Meu vicio é você, Carlos Gardel, Ultimo Desejo, A volta do boêmio, Deusa do Asfalto, Negue, Fica comigo esta noite.
E encerraremos esta pequena lembrança e homenagem ao grande Nelson Gonçalves, o segundo maior vendedor de disco do país
(mais de 78 milhões de discos), perdendo apenas para Roberto Carlos, cantando uma das suas canções e se desejarem, cantem conosco, pois afinal, quem canta seus males espanta!
Quando Eu Me Chamar Saudade
" Sei que amanhã
Quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha bom coração
Alguns até hão de chorar
E querer me homenagear
Fazendo de ouro um violão
Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora
Me dê as flores em vida
O carinho, a mão amiga,
Para aliviar meus ais
Depois, que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais"
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